Quilombolas, nova frente de conflitos de classes e de raças
Sem medo da verdade Boletim Eletrônico de Atualidades
10/07/2007
Convidamos nossos leitores a conhecerem o www.paznocampo.org.br
O Presidente Lula
tem, em seus discursos cotidianos, feito referência aos “direitos” dos
quilombolas, prometendo atender a toda e qualquer reivindicação
sua. Qual a extensão dessa promessa? É assustadora!
O que é um
quilombo?
A partir do texto do artigo
68 da Constituição Federal de 1988,
ao termo quilombo foi atribuído pela esquerda um novo significado, afastando-se
do conceito histórico de grupos formados por escravos foragidos.
Hoje, o termo é usado para designar a situação
dos segmentos afro-descendentes.
Na prática, a procura dos direitos de quilombolas e o reconhecimento
e delimitação de áreas que pretendem ocupar está sendo
utilizado pela esquerda como um novo instrumento para a luta de classes ou
de raças no Brasil, e mais um processo de coletivização
de terras.
O que determina
a Constituição
A Constituição
Federal de 1988 reconheceu o direito de propriedade definitiva aos remanescentes
das comunidades de quilombos que estejam ocupando
suas terras.
Uma encrenca de
proporções inimagináveis
Para regulamentar o dispositivo
Constitucional, o Executivo promulgou o Decreto 4887/03, que está criando uma confusão de grandes proporções
e efeitos catastróficos. Por determinação desse decreto,
na prática, os únicos critérios para reconhecimento da
condição de quilombola e para delimitar as áreas por eles
ocupáveis são o da autodefinição e o da própria
indicação.
A pseudo-fundamentação base desse absurdo é o que determina
a Convenção 169 da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), que prevê o direito de autodeterminação
dos povos indígenas e tribais.
Se essa lógica for levada a sério, os povos indígenas
e tribais deverão constituir-se em estados independentes dentro do território
brasileiro! Absurdo que nenhum brasileiro sensato pode querer. É uma
potencial fonte de conflitos e um estímulo para a luta racial, de negros
contra brancos e de brancos contra negros.
Por determinação do Decreto de Lula, a Fundação
Cultural Palmares pode reconhecer como quilombola qualquer comunidade afro-descendente,
ainda que não esteja ocupando as terras que pretende.
O tamanho da encrenca
Esse decreto 4.887/03,
segundo estudo apresentado pela CNA (Confederação
Nacional da Agricultura) e pela Abraf (Associação Brasileira
de Produtores de Florestas Plantadas), poderá levar o Estado a destinar
aos quilombolas até 21 milhões de hectares de terras em todo
o País, área equivalente a cinco vezes a do Estado do Rio de
Janeiro.
Eis os números:
Comunidades Quilombolas |
|
|
Comunidades já certificadas |
854 |
Comunidades com áreas
já delimitadas pelo Incra |
53 |
Total em ha das áreas
já delimitadas |
326.167 |
Média por comunidade |
6.150 |
Número de famílias
residentes nas comunidades |
3.866 |
Média da relação área/família em hectares |
74 |
|
|
Expansão
|
Comunidades a serem
reconhecidas |
3.000 |
Estimativa da área a ser demarcada em ha |
21.000.000 |
|
|
Instrumentalizando
a Constituição
Como fica facilmente compreensível, a Constituição de
1988 mandou apenas que se reconhecesse o direito de propriedade das comunidades
de quilombos que estivessem ocupando suas terras. Trata-se tão só de
uma questão de regulamentação fundiária.
O Decreto de Lula extrapolou
completamente. Ou seja, quem se declara afro-descendente passa a ter automaticamente
direitos
adquiridos sobre terras alheias, pela
simples declaração de que elas teriam pertencido a seus antepassados.
O referido decreto criou
assim o absurdo conceito de autodefinição
da própria comunidade. Com a intensa miscigenação que
houve no Brasil entre europeus, índios e africanos, quase todo mundo
pode se dizer um afro-descendente, ou quilombola. Como certificar-se da veracidade
dessas autodefinições?
Segundo reportagem publicada
pela BBC Brasil, o sambista carioca conhecido como Neguinho da Beija-Flor, “que leva a cor da pele no nome artístico, é geneticamente
mais europeu do que africano, como indica uma análise de seu DNA feita
a pedido da BBC Brasil, como parte do projeto Raízes Afro-brasileiras”.
Neguinho da Beija-Flor
67,1% de seus genes
tem origem na Europa e apenas 31,5% na África.
“Europeu, eu?
Um negão desse” disse apontando para si mesmo num tom
entre divertido e desconfiado... (BBC Brasil) |
Está assim criada a confusão! Quem é afro-descendente
neste País?
Outro critério que acompanha a autodefinição é a
própria indicação: “para a medição
e demarcação das terras, são levados em consideração
critérios de territorialidade indicados pelos remanescentes das comunidades
dos quilombolas”.
Como bem diz o jornalista
Marcos de Sá Corrêa, em comentário
jocoso mas real, “para todos os efeitos legais, quilombola é quem
se diz quilombola. E quilombo é tudo que o quilombola acha que é seu”.
E conclui: “E nenhum brasileiro precisa ir muito longe para encontrar
um quilombo na esquina de casa. Se alguma coisa está acontecendo pela-primeira-vez-na-na-história-deste-País
ou mesmo deste planeta é que, 120 anos depois da Lei Áurea, o
Brasil produz quilombolas como nunca”. (OESP 4/7/2007)
Uma Fundação do Ministério da Cultura julga a “identidade
cultural”
Pelo decreto, a Fundação Cultural Palmares ficou incumbida de
assistir e acompanhar o Ministério do Desenvolvimento Agrário
e o INCRA para garantir a identidade cultural dos remanescentes das comunidades
dos quilombos.
Vejam bem o critério: identidade cultural dos autodefinidos quilombolas.
Uma avaliação - que tem sido sempre apressada e burocrática
- tem autoridade para discernir essa qualidade indefinida e discutível
como critério de concessão, com enormes conseqüências
para relativização do direito de propriedade, abalando gravemente
nosso combalido ordenamento jurídico.
O INCRA entra em
cena para aumentar
a confusão e patrocinar a causa
O Ministério do Desenvolvimento Agrário, através do INCRA
- o confuso e apressado órgão, bem aparelhado pelo MST e pela
Pastoral da Terra - ficou com a incumbência da identificação,
reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação
das terras ocupadas.
E prontificou-se a patrocinar
a causa de perto de 3.000 comunidades auto-definidas quilombolas, integrando-as às hoje 8.000 assim chamadas “comunidades
tradicionais”, que reivindicam cada uma um pedaço do território
nacional!
No caso dos quilombolas,
o INCRA age de oficio ou por requerimento de qualquer interessado. Na prática, é a luta de raças
institucionalizada.
Os quilombolas beneficiados
são obrigados a formar uma Associação,
que é titulada. Ou seja, coletivismo agrário do tipo russo ou
chinês. O título é coletivo e pró-indiviso, com
obrigatoriedade de cláusula de inalienabilidade, imprescritibilidade
e impenhorabilidade. Tudo fica nas mãos do Estado.
Os quilombolas passam a
ter direito coletivo à área delimitada
e a todas as benesses do governo, isto é, verbas, financiamentos, bolsa
família, cestas básicas etc. Sempre o coletivismo!
Brasília -
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado de Bartolomeu Florêncio,
líder de seis comunidades quilombolas de Pernambuco que receberam
energia elétrica do programa Luz para Todos. Foto: Ricardo Stuckert/PR/Ag.Br |
Basta que para isso saibam
reivindicar e venham a fazer parte dos movimentos ditos sociais ou congêneres do MST. E de fato já estão
sendo organizados pela esquerda. Exemplo é o Congresso dos quilombinhos
realizado em Brasília entre 1 e 4 de julho, reunindo crianças
e adolescentes de quilombos de todo o Brasil, que já começam
a ser mobilizados politicamente a exemplo dos sem-terrinhas.
Quilombinhos reunidos
em Brasilia |
E para o legítimo proprietário
das terras, o que resta?
Resta “queixar-se ao bispo”, ou mover um demorado e custoso processo
judicial. No final a Justiça deveria reconhecer a inconstitucionalidade
do Decreto de Lula. Mas será que o faria diante do problema social que
estaria criando? Reconhecida a inconstitucionalidade patente do Decreto de
Lula, o que fazer com essa gente arrebanhada para protestar? Para isso aí estão
os defensores do Direito Alternativo para defendê-los apesar da lei.
A confusão e o fato consumado estão criados, quando não
a revolução social.
Assim navega o País. Fora dos rumos dos princípios básicos
do Direito Natural que regem a civilização cristã legada
por nossos maiores e escorregando pelo tobogã da coletivização,
rumo ao socialismo mais exacerbado.
Mais uma espada perigosíssima sobre a cabeça dos proprietários
rurais e uma ameaça para as áreas verdes do Estado, pois estas
são também visadas. Já pensaram na Ilha de Marambaia ocupada
por um desses quilombos? Pois tem um que está chegando lá, ocupando
quase 70% da área.
Quilombolas reunidos
na Ilha de Marambaia |
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