O Grito da Agricultura


12/11/2007

Boletim Eletrônico de Atualidades

Produtores capixabas organizam monumental carreata em defesa do agronegócio e do homem do campo contra a Revolução Quilombola

O Sindicato Rural de São Mateus (ES) e o "Movimento Paz no Campo" (MPC), com sede na mesma cidade, estão convidando a população para uma monumental carreata, no dia 9 de novembro.

A carreata, com o nome de "O Grito da Agricultura", partirá de São Mateus, seguirá pela BR 101, receberá adesões em Linhares e Colatina, e terminará em Vitória, em frente à Assembléia Legislativa, onde será entregue a CARTA-MANIFESTO EM DEFESA DA AGRICULTURA E DO HOMEM DO CAMPO ao Governador PAULO CESAR GOMES HARTUNG.

A campanha "Paz no Campo", de São Paulo, recebeu em primeira mão o teor da CARTA ABERTA que está sendo distribuído à população capixaba, bem como o texto da MENSAGEM que será levada ao Governador do Espírito Santo.

Enviamos aos nossos amigos e simpatizantes ambos documentos, que mostram a gravidade da situação da classe ruralista capixaba que, ademais de invasões de propriedades pelo MST e congêneres, estão ameaçadas de confisco pela Revolução Quilombola. O INCRA está distribuindo notificações aos proprietários, informando que estão ocupando "territórios quilombolas", dando o prazo de 90 dias para constestarem.

Coisa nunca vista, 80% do território urbano também está dentro da demarcação da comunidade quilombola. As escrituras não valem mais, os bancos suspenderam o crédito e a insegurança tomou conta da população alarmada com a sucessão dos fatos.

A seguir, os documentos mencionados. Os grifos e sublinhados são nossos.

São Paulo, 8 de novembro de 2007

CARTA AO POVO CAPIXABA

Em defesa do agronegócio e do homem do campo

Dia 9 de novembro, carreata "O Grito da Agricultura "

Nós, agricultores do Brasil, estamos passando por um momento muito difícil, pois a urbanização do mundo levou a sociedade a se esquecer do homem do campo.

Os agricultores são essenciais para a sobrevivência de todos, pois são eles que produzem todos os alimentos vendidos nos supermercados. A roupa vem do algodão e o sapato do couro do boi criado no campo. O papel e o carvão vêm do eucalipto; o mamão, o coco, o maracujá, a farinha, a pimenta e as bebidas são produzidos pelo homem do campo.

No entanto, de uns tempos para cá, os órgãos que deveriam orientar e ajudar os produtores só aparecem para prejudicar e punir, como é o caso do INCRA, IEMA, IBAMA, IDAF e tantos outros que com suas normas e portarias perseguem e dificultam a vida dos agricultores.

Não temos telefonia rural e as nossas estradas, vocês as conhecem bem, quem depende delas para trabalhar, bem sabe das condições em que se encontram – que o digam os caminhoneiros, nossos irmãos sofredores.

Sem apoio e sem valor, longe do interesse da sociedade, o homem do campo está entregue a sua própria sorte, sendo alvo predileto de ladrões e salteadores que roubam suas casas, suas criações, as bombas e equipamentos de irrigação e até mesmo as linhas de transmissão de energia de suas propriedades.

Se não bastasse tudo isso, agora, os agricultores de São Mateus, Conceição da Barra, Jaguaré, Nova Venécia e muitos outros municípios do nosso estado estão ameaçados de serem expulsos das terras onde nasceram, ou terras que adquiriram, pagaram por elas, todas devidamente escrituradas, sob a alegação de serem terras quilombolas .

Mesmo com todas essas dificuldades e perseguições, os agricultores de São Mateus são responsáveis por 40% da renda do município, geram mais de 15 mil empregos, construíram a agricultura mais diversificada do país e estão em primeiro lugar no total da produção do estado do Espírito Santo.

No Brasil, o agro negócio é responsável por 27% da formação da renda nacional e por 36% das Exportações Brasileiras. O Brasil está em 1º lugar no mundo em exportação de açúcar, café, suco de laranja, álcool, soja, carne bovina e carne de frango e isto se deve aos Agricultores.

Como a imprensa, os partidos, os políticos, os sindicatos, as igrejas, a polícia e a maioria das organizações civis se tornaram urbanas, a visão de todos também se tornou urbana. Perderam a visão do mundo rural.

Quando se fala em desenvolvimento, são citadas a Cia. Vale do Rio Doce, a Petrobrás, a CST e outras grandes indústrias. Raríssimas são as lembranças do homem do campo. Os governantes têm suas preocupações voltadas para as regiões metropolitanas e se esquecem dos municípios do interior que vivem do agro negócio.

É bom sempre lembrar: SE AS CIDADES DESAPARECEREM, O CAMPO SOBREVIVERÁ. MAS SE O CAMPO NÃO PRODUZIR ALIMENTOS, AS CIDADES MORRERÃO.

Por isso, o Movimento Paz no Campo, criado em São Mateus para defender a agricultura, os agricultores está realizando uma grande carreata com o título "O Grito da Agricultura".

Essa carreata está seguindo de São Mateus com destino a Vitória, no dia 09 de novembro, sexta-feira, às 7 horas da manhã, com previsão de chegada às 13 horas, na Assembléia Legislativa, onde será entregue a CARTA-MANIFESTO EM DEFESA DA AGRICULTURA E DO HOMEM DO CAMPO.

Lembre-se, comerciante: Produtor quebrado, comércio fechado, povo desempregado.

Lembre-se, caminhoneiro: Sem a produção do campo você não tem carga.

Lembre-se, dona-de-casa: Sem alimento o seu filho passa fome.

O homem do campo está abandonado e precisa ser valorizado.

Pedimos seu apoio e sua solidariedade àquele que produz o alimento de sua casa.

SINDICATO RURAL DE SÃO MATEUS

MAIORES INFORMAÇÕES:  Telefone: (27) 3763-1387

Contato: Movimento Paz no Campo e Sindicato Rural de São Mateus

Av. Jones dos Santos Neves, n.° 23, Centro, São Mateus-ES. Tele-fax: (27) 3763-2467

CGC 27.998.970/0001-84  -  E-Mail: sindrural.sm@hotmail.com 

CARTA AO GOVERNADOR
Sindicato Rural de São Mateus São Mateus, 5 de novembro de 2007.

AO

EXMO SR. GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

MD DR. PAULO CESAR GOMES HARTUNG

PALÁCIO DA FONTE GRANDE

VITÓRIA – ES  

Senhor Governador 

      Estamos encaminhando para V.Exa. o nosso projeto da carreata "Grito da Agricultura" para o qual precisamos do vosso apoio.

      Essa manifestação precisa ser realizada para chamar a atenção da população urbana e das autoridades para o abandono em que se encontra o homem e a mulher do campo que são os responsáveis por grande parte da formação da riqueza do nosso Estado e do nosso país.

      A população que mora nos municípios do interior vem sendo vítima do abandono do Estado que tem sua atenção voltada para os problemas urbanos, pois com a urbanização do mundo veio também a urbanização dos partidos políticos, da imprensa e de todo o pensamento da sociedade.

    Sem visibilidade alguma, o mundo rural está entregue a sua própria sorte.

      O mito criado de que todo agricultor é "fazendeiro", sendo que "fazendeiro" é visto pela sociedade de forma pejorativa, significando um homem rico e mal, proprietário de milhares de hectares de terras improdutivas e que vive da exploração dos seus empregados, leva muitos setores da sociedade a olhar de forma depreciativa para os produtores rurais.

      O mundo caminhou, o campo mudou, mas as idéias dos estruturalistas da década de 60, impregnadas em várias gerações, de que a reforma agrária iria resolver o problema social brasileiro, na verdade vem criando assentamentos de miseráveis que dependem da venda dos seus dias de trabalho nas propriedades que se organizaram para criar o agronegócio mais diversificado do país, que é o agronegócio capixaba .

      Esses produtores rurais que geram emprego e renda no campo e produzem o alimento para a cidade vivem sob uma constante perseguição dos organismos de governo que só visitam as propriedades para cobrar exigências cada dia mais duras.

      Se não cumprirem as exigências de produtividade, suas terras podem ser tomadas para a reforma agrária; se querem fazer uma barragem para irrigação precisam contratar os técnicos urbanos, por preços altíssimos; se querem financiamento precisam pagar taxas pelos projetos.

      Há casos, Senhor Governador, de agricultores que foram obrigados a contratar advogados para se defenderem de multas por incêndios em suas propriedades não provocados por eles. Além do prejuízo que tiveram ainda são penalizados pelos seus maiores "algozes": os funcionários dos órgãos fiscalizadores do governo.

      Em suas propriedades, longe dos holofotes da imprensa e longe do alcance das forças de segurança do Estado, o homem do campo está entregue aos bandidos que assaltam as suas propriedades com roubos em suas residências, roubo de bombas e equipamentos de irrigação e linhas de transmissão de energia de suas propriedades.

      Enquanto isso, um grande número de policiais militares passou para a Polícia Ambiental, para proteger os animais enquanto os homens ficam ao alcance dos bandidos.

      Porém, a pior das perseguições é aquela patrocinada pelo INCRA e pelas ONG's que querem destruir o agronegócio do Brasil para implantar uma agricultura de subsistência, nos moldes da que existiu no Brasil em meados do século passado .

      É como se quisessem implantar um novo colonialismo: o "colonialismo ecológico". As ONG's satanizam o agronegócio e sacralizam as demarcações de áreas de proteção ambiental, das reservas indígenas e, ultimamente, dos territórios quilombolas, mas apenas nos países em desenvolvimento.

      Essas ONG's patrocinadas por organismos internacionais se infiltram nos movimentos populares para destruir a paz no campo. O desânimo e a descrença estão levando muitos produtores a optarem pelo arrendamento de terras para as plantações de cana e de eucalipto que são importantes, porém não podem dominar todo o campo.

      O nosso "Movimento Paz no Campo" tem a bandeira branca da paz e tem como slogan a frase "Por um Brasil mais Verde".

      Nós queremos o Brasil com o verde da agricultura e não com o vermelho da tendência totalitária que domina os órgãos do Governo Federal.

       Nós queremos Paz no Campo e não a guerrilha que estão querendo implantar para tomarem o poder e destruir a democracia que conquistamos.

      O nosso manifesto, Senhor Governador, precisa do apoio de V. Exa. que veio do mundo rural e que, talvez, seja um dos últimos homens desse mundo rural a governar o nosso estado.

      Não podemos, jamais, aceitar demarcação de territórios, nem indígenas e nem quilombolas, pois isso representa a volta do domínio dos territórios dos estados para a União.

      A Constituição Republicana garante ao estado o domínio das terras. Os estados não podem abdicar dessa autonomia.

      Atualmente, como a maioria dos órgãos federais está dominada por pessoas ou grupos de tendência totalitária, inimigas da democracia, esses territórios seriam facilmente dominados por antropólogos da ação que se consideram os únicos dotados da capacidade de transformação do mundo. É por isso que vemos muitos intelectuais trabalhando em ONG's, manipulando as ações dos indígenas em seus territórios e agora querem demarcar territórios quilombolas para a manipulação dos negros.

       Esses intelectuais, fanáticos da modernidade, estão "desobrigados das preocupações pragmáticas dos políticos, que por bem ou por mal têm que praticar a arte do possível". Interpretam como "fúteis e mesquinhas" as discussões políticas da democracia liberal que discute à exaustão um determinado assunto para a elaboração da norma legal. Eles incentivam a poética da guerra e da revolução como maneira mais rápida para a implantação de sua ideologia.

      É por isso que odeiam o Parlamento a ponto de quererem (e aprovaram no último Congresso do PT) a extinção do Senado.

      Amam os decretos feitos em gabinetes por alguns poucos e odeiam as leis discutidas sob os olhares da sociedade.

      Nós defendemos a democracia, defendemos o Parlamento. E é por isso que nossa manifestação será em frente à Assembléia Legislativa .

      Queremos ser recebidos também por V. Exa., nosso Governador, a quem confiamos o comando do nosso estado. Trata-se de uma pequena comitiva de, no máximo 10 agricultores e membros do Movimento Paz no Campo, juntamente com representantes da Federação da Agricultura que, após a entrega da Carta Manifesto da Agricultura ao Presidente da Assembléia, se dirigiria ao local indicado por V. Exa., para entrega de nossas reivindicações.  

      A chegada à Assembléia está prevista para as 14 horas, do dia 9 de novembro. A entrega de nossa carta – manifesto a V.Exa. poderia ser por volta das 17 horas, ou um outro horário dentro das possibilidades de vossa agenda.

      Na certeza que poderemos contar com a compreensão e apoio de V. Exa., firmamo-nos


Cordialmente 

      Edvaldo Permanhane           Eliezer Ortolani Nardoto

      Presidente do MPC              Coordenação e Articulação do MPC 


Nosso contato: Movimento Paz no Campo (MPC) e Sindicato Rural de São Mateus

Av. Jones dos Santos Neves, n.° 23, Centro, São Mateus-ES.

Tel-fax: (27) 3763-2467

CGC 27.998.970/0001-84  -  E-Mail: sindrural.sm@hotmail.com 

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