Mais de um milhão de franceses marcham novamente contra o “casamento” homossexual


27/05/2013

Marcelo Dufaur
Correspondente em Paris

A imensa Avenue de la Grande Armée — do Arco do Triunfo até a ponte que comunica Paris com La Défense — foi pequena para conter a multidão que se manifestou mais uma vez contra o projeto socialista de “casamento” homossexual, que o equipara ao casamento entre homem e mulher e permite a adoção de crianças por casais homossexuais.

Nem mesmo os organizadores aguardavam tamanha adesão. Após idêntica manifestação realizada no dia 13 de janeiro último, supunha-se uma certa diminuição, devido à proximidade das datas.

Em janeiro, a “guerra dos números” enfrentou o cálculo prévio da polícia (350 mil) contra o dos organizadores (entre 800 mil e 1 milhão de participantes). Uma contagem mais ponderada, organizada pelo general de exército Bruno Dary, ex-governador militar de Paris, estimou então o comparecimento entre 800 mil e 900 mil pessoas.

Desta vez, no dia 24 de março, o número foi muito superior a olhos vistos. Enquanto a polícia, avisando que revisaria seus cálculos, estipulou “pelo menos 300 mil”, os organizadores falaram em 1 milhão e 400 mil manifestantes.

O deputado da UMP (centro-direita), Henri Guaino, um dos muitos políticos presentes — eles estão sempre ao lado do vento... — disse: “Se em 13 de janeiro vós éreis um milhão, hoje sois ainda mais numerosos” — segundo publicou “Le Figaro” (24-3-13).

Infelizmente nas mãos de uma grande propulsora do socialismo e da agenda homossexual, a Prefeitura de Paris interditou a manifestação na prestigiosa avenida dos Champs Elysées, cônscia de que se a permitisse contribuiria para abrilhantar ainda mais a marcha de protesto. Contudo, os Champs Elysées não teriam sido suficientes para tanta gente. Tal foi o comparecimento, que a polícia precisou liberar a Avenue Foch, outra imensa artéria que vai do Arco do Triunfo até o Bois de Boulogne e a Avenue Carnot.

Satélites capturaram com sensores de calor a área ocupada pelos manifestantes nessas grandes avenidas e nas ruas adjacentes: oito quilômetros de ruas inteiramente repletas!


Um "mar" humano ocupou a Avenue de la Grande Armeé, em Paris

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Mais notório do que o número foi o entusiasmo e o fervor dos participantes. Uma não explicada ojeriza e até proibição da parte dos organizadores ao uso de cartazes, bandeiras, símbolos não-oficiais, cânticos e slogans, bem como de outras formas para exprimir adesão, na prática não conseguiu se impor. Ordeiros, mas aguerridos, os mais distintos grupos vindos de toda a França cantavam, agitavam bandeiras de suas regiões, erguiam cartazes feitos em casa, faziam rufar caixas e tambores.

Os slogans espontâneos abandonaram a linguagem “politicamente correta” dos oficiais, não poupando o presidente francês: “Hollande, demite-te”, “Hollande, não queremos a tua lei”.

Uma confusão episódica envolveu 200 ou 300 manifestantes e a polícia. Esta utilizou gases lacrimogêneos e força excessiva, mas passou despercebida para a imensa maioria da concentração. Na hora da dispersão, tornou-se inevitável utilizar a contígua Avenue Champs Elysées, que ficou repleta de manifestantes voltando para as suas casas.

O fato serviu de pretexto para a polícia, que sob ordem do governo investiu contra os populares, bem no estilo da falsa tolerância socialista! Este episódio colateral foi explorado pela grande imprensa para desviar a atenção do público do aspecto central do evento: majoritariamente católico e conservador, o povo francês mostrou que recusa o projeto de “casamento” homossexual.

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Houve manifestações análogas e simultâneas em muitas cidades da França, bem como diante de embaixadas, consulados e órgãos oficiais franceses em numerosos países, inclusive no Dubai, no Congo e no Afeganistão.


Visão de conjunto da manifestação
Os conchavos políticos continuaram e os parlamentares de esquerda apressaram-se para aprovar o projeto à revelia da vontade popular. Por sua vez, nenhuma autoridade eclesiástica de relevo, na França como no Exterior, se destacou pela adesão a um protesto popular em defesa de princípios essenciais da Lei de Deus, dos Evangelhos e do Direito Natural.

Os promotores da agenda homossexual, com o Partido Socialista do presidente François Hollande à testa, mostraram-se incapazes de mobilizar apoiadores em número pelo menos comparável. Decidiram então atropelar a vontade popular e aprovar o projeto em ambas as Casas, passando por cima até dos prazos habituais. Em face de manifestações como as de 24 de março, ficará patente aos olhos de Deus e da História que a aprovação do “casamento” homossexual na França se deveu a uma confabulação de políticos e eclesiásticos de esquerda, em flagrante desrespeito ao sentimento da expressiva maioria do povo francês — o qual, entretanto, anuncia uma resistência inteligente e dinâmica que ainda dará muito que falar.

Veja:
Revista Catolicismo

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