Eleição 2006: nova perseguição religiosa?
10/11/2006
Plinio Vidigal Xavier da Silveira
A
questão do aborto, levantada na hora certa por um grupo católico — a
Frente Carioca Pela Vida — altera no Rio de Janeiro os resultados da eleição
para o Senado
Folheto distribuído
pela Frente Carioca Pela Vida |
Mandado judicial
de busca e apreensão no Arcebispado do Rio de Janeiro
e no gabinete do Cardeal Eusébio Scheid. Ordem judicial ao Cardeal do
Rio de Janeiro e a seu bispo auxiliar para que orientem “a todos os párocos,
vigários paroquiais, diáconos ou eventuais celebrantes de ofícios
religiosos, no sentido de que se abstenham de qualquer tipo de comentário
ou referência político-ideológica, sob pena de
caracterizar-se desobediência à presente ordem judicial”.
Essas duas arbitrariedades contra a liberdade do clero católico de
orientar seus fiéis foram cometidas pelo Tribunal Regional Eleitoral
do Rio de Janeiro – TRE-RJ, nos dias 21 e 25 de setembro p.p., nas vésperas
do primeiro turno das eleições.
Governo Lula tem projeto de aborto
Quais os antecedentes desse episódio?
Em setembro de 2005 a Secretaria Especial de Políticas para Mulheres,
tendo à frente a ministra Nicéia Freire, encaminhou ao Congresso
Nacional um projeto de lei do Governo, elaborado por uma Comissão Tripartite
(integrada por representantes dos Poderes Executivo e Legislativo e de entidades
da sociedade civil, em cuja participação a Igreja Católica
não foi admitida) que propunha a descriminalização do
aborto no Brasil.
No dia 4 de outubro de 2005, a deputada Jandira Feghalli, do PCdoB, por uma
manobra parlamentar, tentou fazer aprovar esse projeto numa das comissões
da Câmara dos Deputados. Diante da reação do público
anti-abortista presente na sala da comissão, a relatora Feghalli retirou
o projeto de discussão.
Com a entrada do ano eleitoral, o projeto foi deixado para ser debatido após
o pleito. É provável que o tenha sido para não tornar
pública a posição do governo a favor do aborto.
Candidata ao Senado pelo Rio de Janeiro
Jandira Feghalli |
Jandira Feghalli candidatou-se ao Senado pelo estado do Rio.
As pesquisas eleitorais indicavam, até 10 dias antes da eleição, uma
boa vantagem dela sobre seu principal adversário, o ex-ministro Francisco
Dornelles.
A Frente Carioca Pela Vida fez uma distribuição de folhetos
em grande quantidade, no Rio de Janeiro, denunciando aquela proposta da deputada
a favor do aborto, a qual tinha sido escondida dos eleitores durante a campanha
eleitoral naquele estado.
Em 21 de setembro, a Cúria Metropolitana do Rio foi surpreendida por
um absurdo Mandado Judicial de Busca e Apreensão de “material
de propaganda eleitoral em desfavor” da candidata Jandira Feghalli ao
Senado, pedido pela coligação (PT, PSB e PCdoB).
Em 25 de setembro, o Eminentíssimo Senhor Cardeal Dom Eusébio
Scheid e seu bispo auxiliar tomaram conhecimento de outra ordem judicial, proibindo-os
de manifestações político-ideológicas, proibição
esta extensiva a todo o clero carioca. O próprio Cardeal convocou a
imprensa a estar presente no horário marcado para o recebimento da notificação,
e nessa ocasião recusou-se a recebê-la.
Com a corajosa reação de Sua Eminência, a notícia
foi para os jornais. Estava criado o caso.
Um recurso foi interposto ao TRE-RJ, que decidiu, por cinco votos a um, anular
as absurdas medidas judiciais contra a Igreja. Mas o estrago estava feito,
pois a publicidade em torno do assunto inverteu o resultado da eleição,
e Dornelles venceu com mais de 600 mil votos de diferença. Tornado público,
o projeto abortista derrotou Jandira Feghalli, que havia mandado preparar dois
dias de comemorações, tão certa estava de sua vitória.
O aborto e a reação do povo brasileiro
No ano de 2003, o IBOPE fizera uma pesquisa de caráter nacional a respeito
do aborto. Mais de 90% dos interrogados manifestaram-se contrários à ampliação
legal dessa verdadeira matança de inocentes. Por mais que essa pesquisa
tenha sido infeliz na escolha da amostra interrogada, não pode restar
a menor dúvida de que a maioria de nosso povo seja contrária
ao aborto.
A inversão do resultado da eleição para senador no Rio
de Janeiro bem demonstra quanto os brasileiros se encontram mal informados
sobre a verdadeira posição ideológica de nossos políticos.
Acaso sabem os eleitores que o PT tem o aborto como um dos pontos de seu programa,
e que seus candidatos são obrigados a obedecer às posições
partidárias? A respeito desse desconhecimento dos programas partidários, é oportuno
lembrar exemplo significativo: um candidato do Partido Verde, quando pedia
votos durante a campanha, declarava-se contrário ao desarmamento; mas
esse mesmo desarmamento é ponto básico do programa oficial do
partido.
Enquanto os partidos políticos e candidatos não se modificarem
e adequarem seus programas e idéias aos legítimos anseios das
diversas correntes de nosso povo, a política desmoralizar-se-á no
País, e os homens sérios continuarão a dela se afastar.
Deixarão assim que os destinos de nossa Pátria fiquem quase exclusivamente
em mãos de aventureiros.
Veja:
http://www.catolicismo.com.br/
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