Costa Concordia, o Titanic do século XXI: Presságio do fim de uma época?
23/04/212
Marcelo Dufaur
O naufrágio do mega transatlântico Costa Concordia rememorou na Europa os tristes presságios levantados pela perda do Titanic no início do século XX – escreveu Ben Macintyre, do diário londrino “The Times”.
Por sua vez, o importante quotidiano de Milão, “Corriere della Sera”, considerou o desastre do Costa Concordia como “o naufrágio de uma época” envaidecida pelas super-tecnologias, pela Internet e pela super-comunicação, que na hora decisiva valeram tanto quanto o primitivo código Morse, único recurso de que dispôs o Titanic para pedir auxílio .
O escritor londrino Sir Osbert Sitwell (1892-1969) viu na tragédia ocorrida há cem anos com o Titanic – em 14 de abril de 1912 – um “símbolo de uma sina que se avolumava sobre a civilização ocidental”. E, de fato, não muito depois do afundamento do Titanic, a I Guerra Mundial arrasou o continente europeu e pôs fim à rica, requintada e irrefletida Belle Époque.
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Hoje, no momento em que a União Européia (UE) se afunda em dívidas, na incerteza política e na fragilidade econômica, bem como no descalabro moral de suas imposições anticristãs, o desastre do luxuoso cruzeiro inspira presságios não menos convidativos à reflexão.
Neste ano em que vai se decidir se o euro afunda de vez ou permanece à tona, o sinistrado Costa Concordia surgiu como uma alegoria perfeita da extravagância financeira e da artificialidade da imensa construção europeia.
Um enorme palácio flutuante — embora de um luxo de segunda classe, que os passageiros do Titanic considerariam uma quinquilharia, de ostentação e gosto discutíveis, mas não por isso menos impressionantes para os nossos dias — o maior cruzeiro que a Europa da era da UE conseguiu construir, ao faraônico preço de 572 milhões de euros, acabou se desventrando nos recifes de uma simples e poética ilha toscana.
Para Macintyre, os desastres marcam de modo poderoso as curvas da História. E assim como o desaparecimento do Titanic soou como um gongo para a era vitoriana, o fim do Costa Concordia poderia marcar simbolicamente o fim de uma época tão confiante quanto insegura.
Em 1912, G. K. Chesterton viu no afundamento do Titanic a punição da “modernidade” – era orgulhosa que se idolatrava num navio fruto de suas mãos e supostamente impossível de afundar, que a natureza se encarregou de reduzir a nada.
Macintyre pergunta se analogamente o Costa Concordia não será também presságio de uma mudança de época, se ele não constituirá uma advertência ou eventual punição à obsessão por uma modernidade que adora as velocidades, as construções babilônicas e o luxo “globalizado”.
Comentamos nós: “modernidade” que pretende atingir o céu, desconhecendo a própria moral natural e desafiando as leis do Criador, e à qual a União Europeia aderiu de tal modo que se vem transformando em propulsora da Cristianofobia (aversão e perseguição ao cristianismo).
Mas a modernidade, que tudo julga conhecer, desconhece certas coisas aparentemente pequenas que encerram grande significado para os olhos de quem tem fé... A uma delas se referiu — foi o único no universo da mídia! — o jornal italiano “Libero” de 31/01/12.(*)
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Segundo o Pe. Lorenzo Pasquotti, pároco da ilha do Giglio, exatamente nas profundidades marítimas onde o Costa Concórdia foi adernar, “encontra-se uma imagem da Madonna della Stella Maris, um baixo-relevo maravilhoso que no dia 15 agosto de todos os anos é objeto de uma romaria de mergulhadores que a honram com uma coroa de louros”. Em 2007, uma estrela do mar pousou graciosamente sobre a Stella Maris, e mergulhadores tiraram a foto que apresentamos ao lado.
Diante dos ultrajes de que seu Divino Filho é objeto em decorrência de inúeras leis e resoluções cristofóbicas da União Européia, a Santíssima Vigem parece ter dado um formidável aviso: “basta”. Ela o fez como Aquela que é “terrível como um exército em ordem de batalha”, segundo reza o Ofício de Nossa Senhora.
Mas Ela é também Mãe de misericórdia: agiu de modo tal, que o mesmo arrecife contra o qual houve o impacto do navio-símbolo, impedisse o deslizamento deste para as profundidades, engolindo vidas em número espantoso.
Superior, materno e admirável equilíbrio de misericórdia e justiça da Mãe de Deus!
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(*) http://www.liberoquotidiano.it/news/923069/Giglio-le-ostie-consacrate-della-Concordia-ai-fedeli-dell-isola.html.
Veja:
Revista Catolicismo
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