Conservadorismo influencia o Legislativo
20/04/2005
Plinio Vidigal Xavier da Silveira
O
povo brasileiro elegerá em 2006 um candidato
que atenda a seu espírito pacato e ordeiro, caso não se deixe enganar
pelo marketing, como ocorreu nas últimas eleições presidenciais
Embora
ainda não oficialmente deflagrada, a campanha eleitoral
com vistas a 2006 já ocupa fartamente o noticiário da mídia nacional. Os
católicos conservadores terão enorme peso nessas eleições. Como devem orientar-se
para escolher seu candidato?
Analisando,
em setembro último, as perspectivas eleitorais para o pleito municipal
que se realizaria no mês seguinte, afirmamos que a derrota prevista do
PT seria “um julgamento desfavorável ao atual governo”. O mesmo
artigo observava ainda que o caráter pacato e ordeiro do nosso povo, bem
como o “pensamento conservador do brasileiro”, seriam fatores que
pesariam no pleito de modo contrário ao partido do presidente Lula.
Passados
seis meses, vê-se que tais tendências ganharam corpo. A aprovação da chamada
Lei da Biotecnologia (no que se refere à utilização de embriões humanos)
efetuou-se em flagrante oposição ao pensamento católico de nosso povo.
Os projetos de censura da atividade jornalística, do ANCINAV e da reforma
universitária — esta última de caráter marcadamente marxista —, dentre
outros, foram marcos que vêm alcançando péssima repercussão junto ao eleitorado.
Igualmente o propósito de ampliar a lei do aborto.
Um
grave erro político do governo foi também a indicação autoritária do nome
do deputado Luís Eduardo Greenhalgh para disputar a presidência da Câmara
dos Deputados. Trata-se de um político antipatizado até mesmo por muitos
dos seus pares, conhecido por seus métodos ditatoriais, e principalmente
por ser comprometido com o apoio às invasões de terras particulares e com
movimentos como o MST, a CPT e congêneres — organizações mal vistas por
nossa população.
Severino Cavalcanti
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Consistiu
para o PT resultado amargo a estrondosa derrota na recente eleição para
a mesa da Câmara. Venceu o deputado pernambucano Severino Cavalcanti, em
segundo turno, por 300 votos contra 195. Severino, conhecido por sua oposição
pessoal ao aborto e à chamada “união homossexual” — que de modo geral coincidem
com as posições católicas — é o que se chama um político hábil, e que parece
entender esse caráter pacífico do brasileiro. Os próprios deputados federais,
levados a escolher em segundo turno entre esses dois colegas, sufragaram
com mais de 60% dos votos o nome que mais condiz com a índole de nosso
povo. Os políticos hábeis não costumam enfrentar o modo de pensar do eleitorado.
O
PT, partido majoritário entre as diversas siglas — embora com menos de
18% do total dos parlamentares — perdeu assim uma eleição de grande importância,
e com ela o cargo de presidente da Câmara dos Deputados, o segundo substituto
eventual do Presidente da República. Mais. O PT ficou sem nenhum membro
na Mesa dessa Casa legislativa.
Voltamos
aqui à questão da pacatez e espírito ordeiro. O brasileiro cordato e acífico,
que constitui a maioria de nossa população, sufragou o nome de Lula para
a Presidência da República após uma hábil campanha de propaganda, que se
baseou no slogan “a esperança venceu o medo”, e ainda pelo fato
de que o eleitor não tinha opções à direita. Os demais candidatos em 2002
estavam, de um modo ou de outro, comprometidos com a esquerda.
Ascendendo
ao poder, o governo do PT passou a utilizar métodos de pressão pouco condizentes
com a índole de nosso povo. Exemplo disso constituiu a votação do chamado Estatuto
do Desarmamento, levada a cabo pela ala mais próxima ao governo, tanto
no Senado Federal quanto na Câmara dos Deputados.
O
eleitorado reagiu nas eleições municipais, contra o modo de agir do governo,
derrotando de modo fragoroso o PT. E, depois, foram os deputados federais
que rejeitaram o candidato oficial desse partido, apesar de toda a pressão
exercida sobre eles, levando Greenhalgh a estrondosa derrota.
Daqui
para a frente a situação pode mudar. Faltam cerca de 18 meses para a eleição
em que Lula vai tentar se reeleger. Mas, no Brasil de hoje, se os chamados
“partidos de centro” souberem indicar um candidato que represente realmente
esse caráter pacato e ordeiro do brasileiro, as próximas eleições presidenciais
poderão trazer um resultado surpreendente para as esquerdas. É muito possível
que, apresentando-se um candidato realmente conservador, que atenda ao
referido caráter de nosso povo, ele alcance a vitória.
Mais
uma vez o Brasil dependerá do bom senso e do espírito de união — tão difícil
de se obter nos meios políticos profissionais — que o centro decisivo souber
demonstrar
Veja:
http://www.catolicismo.com.br
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