Quilombolas: uma nova Reforma Agrária, ainda mais ampla e radical


25/09/2007

Nelson Ramos Barretto

Nunca houve quilombo aqui, exceto na concepção do INCRA

“A partir da década de 70, quando foram introduzidos calcário e outros insumos agrícolas, iniciou-se o desenvolvimento do município.

“Tudo isso para deixar claro que nunca houve quilombo aqui. Qualquer criança que hoje tenha 15 anos sabe a definição de quilombo. Qualquer camponovense, exceção feita àqueles doutrinados pelo Incra, sabe que nunca houve quilombo ou quilombola em Campos Novos. São substantivos que não estão no vocabulário da população. Temos aqui gente com mais de 100 anos de idade, moradores daqui. Eu cheguei a perguntar a um deles, o Sr. João, se teria ouvido falar em quilombo ou quilombola. — O que é isso? O que é isso?, me perguntou ele.

“Proprietários pobres, mas que sobrevivem sem qualquer benesse do governo, se sentem inclusive inferiorizados, pois o tratamento que está sendo dado aos legítimos proprietários, sem dúvida, é um tratamento desigual. Eles não têm acesso a crédito, pelo fato de não terem poder de pagamento. Por outro lado, o Banco do Brasil já vem dando assistência aos quilombolas, já tendo doado, a fundo perdido, o valor de 196 mil reais para a aquisição de 32 vacas, uma para cada família que ali reside. A Caixa Econômica, também a fundo perdido, construiu 66 unidades habitacionais, sendo algumas na Invernada dos Negros, e outras em lugares que não têm absolutamente nada a ver com a dita área quilombola, que afinal nunca existiu. Todos os afro-descendentes de lá estão recebendo cestas básicas e dinheiro na medida em que precisam, configurando assim uma situação extremamente complicada no local”.

ONGs fornecem recursos para alimentar divisões

“Com efeito, este processo está sendo conduzido de modo muito mais ditatorial do que aquilo que presenciei na época dos militares”.

“Dois municípios vizinhos serão duramente castigados por este processo: Abdon Batista e Monte Carlo. O prejuízo econômico que isso vai trazer será estarrecedor. A perda de mil empregos, em qualquer parte do planeta, é matéria para manchete dos principais jornais. Aqui, num pequeno município, vamos perder cinco mil, e nem sequer constitui uma notícia. Por quê? A quem interessa o conflito?”.

“Hoje, temos três Brasis: um de negros, um de brancos e um de índios. ONGs internacionais fornecem os recursos para alimentar as divisões entre nós. Seriam essas ONGs manipuladas por alguém que não tenha interesse em ver o desenvolvimento do País?”.

“Os Garipuna, por exemplo, são descendentes de escravos, e há muitos deles que estão em nossa associação, porque não consideram correto o que está acontecendo. Nunca ouviram falar em quilombo”.

Quilombo em pleno centro do Rio de Janeiro!

Abyssus abyssum invocat, um abismo atrai outro abismo, ensina um Salmo das Sagradas Escrituras, para significar que um erro origina outro erro. Assim, a nova versão de quilombos e quilombolas, iniciada em terras produtivas de regiões remotas, atinge agora o centro de grandes cidades como o Rio de Janeiro.

A Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, três vezes centenária, foi surpreendida pela notificação do Incra para “caracterizar os imóveis da comunidade remanescente dos quilombos da Pedra do Sal, na Travessa do Sereno, rua São Francisco da Prainha, Rua do Escorrega e Ádrio de São Francisco da Prainha, localizados no Bairro da Saúde, no Município do Rio de Janeiro”.

Trata-se da parte antiga da cidade. A capela de São Francisco da Prainha é tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional. Entretanto, naquele local tranqüilo está se processando mais uma arbitrariedade do Incra. Este mesmo Incra, não contente em espalhar as famigeradas favelas rurais dos assentamentos de Reforma Agrária, investe agora contra o direito de propriedade na cidade, sob o pretexto de favorecer as chamadas comunidades quilombolas.

A bondosa Princesa Isabel substituída por Zumbi, um escravocrata

As ONGs procuram mitificar a história do Quilombo dos Palmares, apresentando-o como um refúgio de liberdade do negro perseguido. A realidade histórica, entretanto, difere bastante dessa criação mítica. Na verdade, o referido quilombo espalhava terror, mesmo entre muitos negros.

José de Souza Martins denuncia a mistificação do Quilombo dos Palmares ao denunciar a existência da escravidão dentro dele: “Os escravos que se recusavam a fugir das fazendas e ir para os quilombos eram capturados e convertidos em cativos dos quilombos. A luta de Palmares não era contra a iniqüidade desumanizadora da escravidão. Era apenas recusa da escravidão própria, mas não da escravidão alheia. As etnias de que procederam os escravos negros do Brasil praticavam e praticam a escravidão ainda hoje, na África. Não raro capturavam seus iguais para vendê-los aos traficantes. Ainda o fazem. Não faz muito tempo, os bantos, do mesmo grupo lingüístico de que procede Zumbi, foram denunciados na ONU por escravizarem pigmeus nos Camarões” (José de Souza Martins, Divisões Perigosas, p. 99).

Faz parte da propaganda de certos movimentos negros exaltar a figura de Zumbi como sendo o libertador dos escravos. Ora, a ascensão dele se deu após o assassinato do tio: “Depois de feitas as pazes em 1678, os negros mataram o rei Ganga-Zumba, envenenando-o, e Zumbi assumiu o governo e o comando-em-chefe do Quilombo” (Edison Carneiro, O Quilombo dos Palmares, Editora Civilização Brasileira, 3a ed., Rio, 1966, p. 35).

Carneiro confirma o governo despótico de Zumbi: “Nina Rodrigues esclarece que nos Palmares havia 'um governo central despótico' semelhante aos da África na ocasião” (idem, p. 4). Não havia liberdade para sair: “Se algum escravo fugia dos Palmares, eram enviados negros no seu encalço e, se capturado, era executado pela ‘severa justiça’ do quilombo” (idem, p. 27).

* * *

Libertadora dos escravos, a Princesa Isabel era uma alma cristã e bondosa que aceitou sacrificar o trono em troca da libertação dos escravos. Após ter ela assinado a Lei Áurea, o Barão de Cotegipe vaticinou: “Vossa Alteza libertou uma raça, mas perdeu o trono”. Um ano e meio depois, o golpe militar de Deodoro derrubava a Monarquia. Ao seguir com sua família para o exílio, lembrando-se da profecia de Cotegipe, a Princesa declarou: “Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Princesa_Isabel).

Segundo os atuais movimentos quilombolas, essa harmonia, a miscigenação e a bondade de trato do brasileiro devem acabar. Seria o conflito de raças acrescentado à luta de classes marxista. Para isso, cumpre alterar a História: a bondosa Princesa Isabel, que acabou com a escravidão pelas vias legais e com o sacrifício do próprio trono, deve ser substituída por Zumbi, o líder guerreiro negro, tirano e escravocrata.

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